Hoje é aniversário de Brasília, 50 anos da capital do Brasil!
Para nós que aqui crescemos, nos formamos arquitetas e exercemos nossa profissão, é uma cidade de uma importância indescritível.
Brasília é uma cidade incomum, diferente do que todos entendem por cidade. Por isso, há quem ame e quem odeie, mas não há como não se admirar com sua beleza. O céu que é mar, seu plano inovador, seus edifícios – verdadeiras obras de arte a céu aberto.
Praticar a arquitetura aqui é uma tremenda responsabilidade, palco de tão notáveis mestres, uma escola que nos ensina a cada momento, no nosso dia-a-dia, e nos faz querer ser melhores, à altura desse símbolo da arquitetura moderna, mundialmente conhecido, onde se respira, se fala e se vive arquitetura.
Congresso Nacional
Catedral
Cúpula do Senado
Bandeira do Brasil na Praça dos Três Poderes
Concha Acústica
Fotos: a primeira é de Augusto Areal e todas as outras de Edgar Cesar
Ébano é a designação dada às árvores que produzem uma madeira muito escura, nobre e rara. Por ser uma madeira resistente, duradoura e bonita é muito utilizada na fabricação de mobiliários, objetos decorativos e instrumentos musicais (violinos e teclas pretas do piano).
O termo madeira ebanizada é usado para descrever um tipo de acabamento dado à madeira que a deixa preta e com os veios naturais marcados, simplificando, “é uma madeira pintada de preto”. Consegue-se o efeito tingindo a madeira de preto (tauari, sucupira, freijó,…), diferente de quando se usa a laca que cobre toda a superfície de uma forma unificada, deixando-a lisinha.
A madeira ebanizada confere nobreza e suntuosidade e é muito usada em pisos, painéis e móveis. A seguir, alguns exemplos da sua utilização:
Piso requintado em madeira tauari ebanizada. Projeto Roberto Migotto, foto do site do arquiteto. Esse é o apartamento da Adriane Galisteu em São Paulo!
Piso em madeira ebanizada. Projeto Roberto Migotto, foto do site do arquiteto.
A madeira ebanizada é um ótimo material para ser usada em painéis de home theater, pois como é escura e sem brilho quase não reflete o que está na sala e nem desvia a atenção na hora de assistir tv. Projeto Roberto Migotto, foto do site do arquiteto.
Painel em madeira ebanizada. Projeto Roberto Migotto, foto do site do arquiteto.
Mais uma vez a imbuia ebanizada foi escolhida para revestir o painel do home theater com iluminação cenográfica e nichos sob medida para tv, equipamentos e até lareira. Revista Dcasa nº18, projeto Vânia Gianfratti e Eduardo Barcelos.
Quarto de adolescente com projeto em linhas retas e acabamento em branco e madeira preta ebanizada. Revista Dcasa nº18, projeto Consuelo Jorge.
Essa moderna sala de jantar tem mesa com base ebanizada e tampo de 1,40 m de diâmetro de pau-ferro e cadeiras Louis Ghost. Essa é uma das fotos que mais dá para ver o efeito dos veios que ficam aparentes, marcados. Projeto de Ricardo Caminada, site casa.com.br.
Mesa de jantar com estrutura ebanizada e tampo em madeira wengé. Projeto de Alice Martins e Flavio Butti, site csa.com.br.
Já nesse home theater, o painel da tv está em madeira ripada e a madeira ebanizada está na mesa atrás do sofá que para garantir praticidade, um vidro preto foi colocado por cima. Revista Dcasa nº22, projeto Gláucia Britto.
Cama em madeira ebanizada, apartamento decorado, Alphaville.
Estante em losangos da Dominox cabe em qualquer canto por ser um modelo fininho. Projeto de Andrea Buratto, foto site casa.com.br.
Caixilhos das esquadrias em madeira ebanizada certificada. Loft do Velejador na Casa Cor São Paulo, projeto Débora Aguiar.
Para celebrar a Páscoa, trouxemos uma seleção de igrejas surpreendentes, seja pela sua arquitetura, localização, grandiosidade ou pela sua história. As Igrejas representam um lugar de reunião e expressão da fé cristã, onde a arquitetura tem o desafio de expressar essa fé e apresentá-la ao mundo, além de acolher a comunidade cristã, representando seu local de reflexão, recolhimento e louvor a Deus.
A Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, foi inaugurada em 1970. Projetada por Oscar Niemeyer, tem uma área circular da qual se elevam 16 colunas de concreto. Possui uma estrutura singular e audaz que mostra a genialidade do arquiteto e o caráter inovador do calculista, Joaquim Cardoso. O conjunto é pontuado por diversas obras de arte. Já na praça de acesso ao templo, encontram-se quatro esculturas em bronze representando os evangelistas. No interior da nave, estão as esculturas de três anjos, suspensos por cabos de aço, de Alfredo Ceschiatti, com a colaboração de Dante Croce. No batistério, um painel em lajotas cerâmicas pintadas por Athos Bulcão. O campanário doado pela Espanha, composto por quatro grandes sinos, completa o conjunto arquitetônico. A entrada faz-se através de uma área de paredes negras tida como zona de meditação. O interior é banhado por luz natural filtrada pelos vitrais coloridos de Marianne Peretti e lá vê-se a “Anunciação a Maria”, também de Athos Bulcão, a Via Sacra de Di Cavalcanti e a primeira réplica da Pietá de Michelangelo, feita de mármore e resina. Mesmo passando por ela todos os dias, ainda me surpreendo com essa estrutura magnífica!
O Templo Expiatório da Sagrada Família, também conhecido simplesmente como Sagrada Família, é um grande templo católico da cidade catalã de Barcelona, na Espanha. Desenhado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí, é considerado por muitos críticos como a sua obra-prima e expoente da arquitetura modernista catalã. O projeto foi iniciado em 1882 e assumido por Gaudí em 1883, que dedicou seus últimos 40 anos de vida a essa construção. Não se estima a conclusão para antes de 2026, centenário da morte de Gaudí. No início em estilo neogótico, o projeto foi reformulado completamente por Gaudí, sendo composto por três grandes fachadas: a Fachada da Natividade, quase finalizada com Gaudí ainda em vida, a Fachada da Paixão, iniciada em 1952, e a Fachada da Glória, ainda por completar. Segundo o seu proceder habitual, a partir de esboços gerais do edifício Gaudí improvisou a construção à medida que esta avançava. Além das formas excêntricas, típicas de Gaudi, essa igreja surpreende pela história de sua construção.
Igreja do Jubileu em Roma, na Itália, foi projetada em 1996, pelo arquiteto Richard Meier. Os volumes e formas são responsáveis pela clara distinção de funções. A área sacra caracteriza-se pelas curvas e abriga nave principal, capela, confessionários e altares. Ao norte, a porção profana – que se destina ao centro comunitário e à residência do pároco – revela o predomínio das linhas retas. As curvas do espaço sacro são formadas por círculos deslocados que se materializam em conchas de concreto protendido moldadas in loco, revestidas com mármore travertino. São três curvas, que, segundo o arquiteto, fazem discreta alusão à Santíssima Trindade. Os intervalos entre as conchas são vedados por caixilhos e vidros que permitem a entrada de luz natural no templo. Dessa forma, de acordo com a estação do ano, o tempo, a hora e a intensidade de luz, modifica-se a percepção do espaço. As paredes são de cimento especial com dióxido de titânio que ajuda na despoluição do ar.
A Catedral de S.Basílio, localizada na Praça Vermelha, em Moscou, pertencente à Igreja Ortodoxa Russa. Sua construção foi ordenada pelo Czar Ivan, o Terrível, para comemorar a conquista do Cantão de Kazan, que realizou entre 1555 a 1561. Em 1588 o Czar Fiodor Ivanovich ordenou que se agregasse uma nova capela no lado leste da construção, sobre a tumba de São Basílio, o Bendito, santo por cujo nome foi chamada popularmente a catedral. São Basílio se encontra no extremo sudeste da Praça Vermelha, justamente na frente da Torre Spasskaya de Kremlin. Sendo não muito grande, consiste de 9 pequenas capelas. O conceito inicial era construir um grupo de capelas, cada uma dedicada a cada um dos santos em cujo dia o Czar ganhou uma batalha, mas a construção de uma torre central unifica estes espaços em uma só catedral. A lenda fala que o Czar Ivan deixou cego o arquiteto Postnik Yakovlev, para evitar que construísse uma outra construção tão magnífica! Ai se essa moda pega…
A Capela Notre-Dame-du-Haut de Ronchamp, na França, foi projetada pelo arquiteto Le Corbusier, considerado um dos mais importantes do século XX. As janelas nas paredes espessas e curvas deixam entrar uma luz fraca e indireta. A arquitetura fina e curvilínea da capela é surpreendente pelo que se via de Le Corbusier, um arquiteto racionalista que acreditava apenas no ângulo reto. A capela é repleta de contradições arquitetônicas, ao mesmo tempo quadrada e redonda, alongada e contida, baixa e alta. Por esta contradição à arquitetura de linhas retas de Corbusier e ao fato de este ser ateu, a capela de Ronchamp foi uma das obras que causaram mais polêmica e dificuldade de assimilação pela crítica, tanto por parte dos arquitetos quanto pelo público.
Catedral de Nossa Senhora de Las Lajas, no município de Ipiales, Colômbia. Construída entre 1916 e 1949 sobre dois arcos, no rio Canyon Guaitara, é considerada uma das maravilhas da Colômbia. Segundo a lenda, este foi o lugar onde uma mulher indiana chamada María Mueses de Quiñones estava levando sua filha surda-muda Rosa de costas perto de Las Lajas ( “The Rocks”). Cansada da subida, Maria sentou-se sobre uma rocha, quando Rosa falou (pela primeira vez) sobre uma aparição em uma caverna. Mais tarde, uma misteriosa pintura da Virgem Maria carregando um bebê foi encontrada na parede da caverna. Os estudos sobre a pintura não mostraram nenhuma prova de tinta ou pigmentos na rocha – em vez disso, quando uma amostra de núcleo foi tomada, apurou-se que as cores foram impregnados na própria rocha a uma profundidade de vários metros. Verdade ou não, a lenda estimulou a construção desta maravilhosa igreja. Além da lenda, sua localização é impressionante.
A Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, conhecida como Igrejinha, foi o primeiro templo construído em alvenaria na nova capital. Com projeto de Oscar Niemeyer, sua arquitetura faz referência a um chapéu de freiras. Em seu interior e na fachada encontram-se azulejos de Athos Bulcão. Originalmente a parede ao fundo do altar comportava afrescos com bandeirolas e anjos de Alfredo Volpi, mas eles foram cobertos por tinta em uma reforma ocorrida na década de 60. Atualmente a Igrejinha recebeu uma nova pintura, feita por Francisco Galeno. A santa no centro do altar é Nossa Senhora de Fátima, sem rosto. Pipas e flores foram criadas para representar a alegria das crianças que teriam avistado a Virgem Maria em Fátima, Portugal. A Igrejinha, que comporta apenas 60 pessoas, foi tombada pela UNESCO como patrimônio cultural. Adoro a forma, as cores e o ambiente aconchegante dessa verdadeira obra de arte, simples, suscinta e bela!
A Igreja de São Francisco em Salvador faz parte do convento dos franciscanos. Foi concluída em 1723 e é considerada um dos mais extraordinários monumentos do barroco em todo o mundo. É preciosa pela exuberante decoração interna, folhada em ouro, com entalhes em jacarandá, florões, frisos, arcos, figuras de anjos e pássaros espalhados em vários pontos, além de painéis em azulejos portugueses, retratando cenas da vida de S. Francisco.
Harajuku Church é uma futurista igreja protestante e está localizada em Tóquio. Foi projetada pela empresa de design de Criação Ciel Rouge em 2005. O teto é feito especialmente para reverberar o som natural de 2 segundos para fornecer uma experiência de audição única para fiéis. Rasgos no teto controlam a entrada da iluminação natural e criam um lindo desenho.
Catedral de Nossa Senhora da Glória, em Maringá, no Estado do Paraná, é a mais alta catedral da América Latina. Foi inspirada e idealizada na era dos “spoutiniks” (a palavra “poustinikki” designa o peregrino que se afasta do mundo para ficar mais perto de Deus). De forma cônica, possui um diâmetro de 50 metros e uma nave única. Representa uma arquitetura moderna e arrojada, idealizada por D.Jaime Luiz Coelho e projetada pelo arquiteto José Augusto Bellucci. O cone possui uma altura externa de 114 m, sustentando uma cruz de 10 m. Tem capacidade para abrigar 4.700 pessoas. É linda e um dos mais belos cartões postais do Paraná!
A Igreja São Francisco de Assis da Pampulha, em Belo Horizonte, foi inaugurada em 1943 e é mais uma obra de arte de Oscar Niemeyer, com cálculo estrutural de Joaquim Cardoso, sendo considerada a obra-prima do Conjunto Arquitetônico da Pampulha. Neste projeto, Oscar Niemeyer faz novos experimentos em concreto armado, abandonando a laje sob pilotis e criando uma abóbada parabólica, até então só utilizada em hangares. A abóbada na capela da Pampulha seria ao mesmo estrutura e fechamento, eliminando a necessidade de alvenarias. Inicia aquilo que seria a diretriz de toda a sua obra: uma arquitetura onde será preponderante a plasticidade da estrutura de concreto armado, em formas ousadas, inusitadas e marcantes. Decorando o exterior da Igreja há na fachada um painel de azulejos, em tons azuis, de autoria de Cândido Portinari (1903-1962), em homenagem a São Francisco de Assis, o Santo protetor dos animais. Aqui me encanta, além do desenho externo, seu interior minimalista!
O Santuário Dom Bosco, em Brasília, foi projetado por Carlos Alberto Naves. São 80 colunas em Brise-Soleil com 16 m de altura fechando em estilo gótico, com vitrais em 12 tonalidades de azul, simbolizando um céu estrelado. No teto, desenhos de Carlos Alberto Naves, o lustre central de Alvimar Moreira contém 7.400 copos de vidro Murano e 180 lâmpadas e pesa 2.600 kg. O Cristo de 4,30 m de altura foi esculpido por Gotfredo Traller.
É claro que existem muitas outras igrejas tão ou mais impressionantes que essas. Se formos falar da Itália ou das cidades coloniais mineiras precisaríamos de um blog inteiramente dedicado a isso. De fato, é um tema fascinante e não faltarão oportunidades para mostrarmos aqui!