reflorestamento

Loft sustentável

por Cris Campos - 03 de dezembro de 2010

O Loft Sustentável foi projetado pela arquiteta Beta Pollis para a Casa Cor Brasília 2010.

A idéia era mostrar ao público que ambientes sustentáveis podem ser elegantes e luxuosos, fazendo com que as pessoas incorporem a sustentabilidade como um estilo de vida, se importando cada vez mais com o futuro do planeta e das novas gerações e procurando o uso consciente dos recursos e materiais disponíveis.

Dessa forma, o loft foi pensado para um casal sofisticado, que não abre mão de conforto e escolheu um modo de vida sustentável, cultivando verduras e legumes em sua própria horta, usando a bicicleta como meio de transporte e buscando toda a tecnologia disponível para uma construção que cause menos impacto ao meio ambiente.

A fachada tem desenho moderno, com platibandas escondendo o telhado e uma linda combinação de pedra, vidro e madeira. A porta de entrada é linda, ocupa quase todo o pé-direito duplo e é feita com madeira de reflorestamento.

A implantação da construção no terreno foi pensada para que a insolação fosse adequada. Assim, a fachada que recebe o sol da manhã é envidraçada e ali se localiza a horta. A fachada que recebe o sol da tarde é mais fechada e recebeu um telhado verde que ameniza a temperatura do interior em até 10%.

A estrutura da edificação é metálica, com alguns elementos de madeira e fechamentos em vidro ou alvenaria. Os enormes panos de vidro receberam uma película com 70% de proteção contra os raios ultravioleta. Quando acabar o evento, esses vidros serão reciclados. As pedras que revestem partes das fachadas são, na verdade, tiras reaproveitadas dos cortes de placas de granito para um efeito chamado spaccato.

No interior, uma palmeira que já existia no terreno ocupa todo o pé direito duplo e recebe irrigação proveniente dos drenos do ar condicionado. A sala recebeu uma decoração sofisticada, com tecidos naturais, como seda e linho, e muitos móveis atemporais com design assinado. Foram usados também alguns móveis antigos, feitos com madeiras que nem existem mais. A combinação de tons neutros e terrosos, associada à iluminação indireta, cria uma atmosfera aconchegante.

Uma das idéias mais legais desse projeto é a horta, que foi colocada numa caixa de aço corten formando uma jardineira que invade a cozinha gourmet, lá no fundo da foto. A horta apresenta uma tecnologia de cultivo japonesa, onde se cultivam hortaliças e alguns legumes com um substrato de apenas 10cm. Essa mesma tecnologia foi utilizada para o cultivo da grama que cobre o telhado verde. A cozinha gourmet, que recebe o sol da manhã, é coberta por uma enorme clarabóia, que permite a entrada de bastante luz natural.

Vários recursos de automação foram utilizados, não só para controlar a iluminação, através de sensores de insolação, mas também a irrigação da horta e do telhado verde. Outros conceitos essenciais para construções sustentáveis também foram abrangidos, como a captação e reuso de águas pluviais e do chuveiro, lavatórios e lavandeira para a limpeza e irrigação.

O piso da sala é em mármore, mas nesse caso ele foi utilizado numa versão super fina, de 5 mm.  No hall da escada, onde ficam as bicicletas, o piso é um cimentício. No fundo da escada foi utilizado o cimentício Rerthy, que foi fabricado conforme o desenho da própria arquiteta. A escada é bem leve, executada com estrutura metálica, degraus de madeira soltos e guarda-corpo em vidro temperado.

O projeto também priorizou a ventilação cruzada e os aparelhos de ar-condicionado escolhidos possuem  características que minimizam seu impacto no meio ambiente, como baixo consumo de energia, filtros que previnem bactérias e o gás que não agride a camada de ozônio. No piso do quarto, madeira de demolição.

Além de apresentar soluções viáveis e sustentáveis em um loft muito bem dividido e elegantemente decorado, é importante destacar toda a preocupação com a sustentabilidade da obra, executada para um evento com duração de apenas 40 dias, onde normalmente o que se vê é um desperdício enorme. Nesse caso, alguns materiais utilizados vieram de demolições de outras obras e, após a desmontagem, muitos elementos serão reaproveitados em outras construções, como toda a estrutura metálica. Telhas, fiação e tubulações serão doados e os vidros e entulhos serão reciclados.

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