A tragédia do desabamento de 3 edifícios, que aconteceu semana passada no Rio, deixou vários mortos, muita tristeza, e um importante alerta: são cada vez mais comuns as reformas realizadas sem a contratação de profissionais qualificados, colocando muita gente em risco.
Sabemos que a maioria dos nossos leitores fará ou está fazendo algum tipo de obra, e por isso nos sentimos na obrigação de orientá-los sobre cuidados essenciais para uma reforma segura.
A estrutura de uma edificação convencional é formada por fundação, pilares, vigas e lajes, todos interligados. Em uma reforma de apartamento ou edifício, esses 4 elementos não podem ser alterados ou removidos em nenhuma hipótese*, porque podem comprometer todo o edifício. Em alguns casos, principalmente em prédios antigos, algumas paredes são estruturais, ou seja, também participam da sustentação do peso do edifício e não podem ser alteradas, nem para a passagem de instalações.
*Se se tratar da reforma de uma casa ou outra edificação de pequeno porte, um engenheiro pode orientar sobre a reforços estruturais, que em alguns casos podem permitir pequenas alterações na estrutura.
Muita gente acha que pequenas reformas em apartamentos ou escritórios não necessitam de orientação profissional, ou acham que não contratá-los significa economizar. Isso é um erro grave, que pode comprometer a segurança e também o orçamento. Eu gosto de fazer a seguinte comparação: se você precisasse fazer uma cirurgia, procuraria um bom médico ou se contentaria com um auxiliar de enfermagem? A reforma de um imóvel deve seguir o mesmo raciocínio!
Cada profissional tem a sua função, e um trabalho conjunto é o primeiro passo para um bom resultado. O planejamento da obra é o primeiro passo: qualquer mudança na planta de um imóvel, deve ser elaborada por um arquiteto, que vai analisar todos os elementos do imóvel para sugerir as mudanças possíveis dentro dos desejos e do orçamento do cliente.
Se a reforma exigir qualquer tipo de ampliação ou acréscimo de peso, a estrutura existente deve ser analisada para saber se suporta a alteração. É o caso das mudanças de parede, instalação de banheiras… Para isso, deve ser contratado um engenheiro. Esse profissional também vai orientar as mudanças nas instalações, como o acréscimo de carga elétrica, aumento da caixa d’agua…
Um arquiteto ou engenheiro também deve ser responsável pela execução da obra. Ele pode ser contratado apenas para orientar o mestre de obras, em reformas mais simples, ou então pode coordenar todo o processo junto aos demais profissionais envolvidos.
Não dispense a ART – Anotação de Responsabilidade Técnica junto ao CREA, e o registro da obra no órgão competente da sua cidade. Só assim você poderá responsabilizar o profissional responsável por eventuais defeitos ou erros técnicos.
Rachaduras (principalmente em diagonal) estalos, infiltrações ou descolamentos de revestimentos podem indicar problemas estruturais. Se notar qualquer alteração no seu imóvel, procure urgentemente um engenheiro ou o CREA da sua cidade!
>>>> No Fantástico de ontem passou uma reportagem bem interessante sobre os possíveis riscos de uma reforma em edifícios, assista AQUI!
Olá meninas!! Sou engenheiro civil e compartilho com vocês esse mercado extremamente prazeroso – mas muitas vezes ingrato – que é o da arquitetura e da construção, sempre tão diferentes um do outro, mas que se complementam de maneira incrível.
Acompanho sempre o blog e não poderia deixar de parabenizá-las pelo post, nesse momento tão delicado e também tão esclarecedor pra muita gente.
Parabéns pelo bom gosto, pelo capricho e acima de tudo pelo profissionalismo sempre presente em cada conteúdo apresentado aqui, ao longo desse tempo todo.
Oi Rafael,
Infelizmente é preciso acontecer uma tragédia dessas proporções para chamar a atenção das pessoas e do poder público, que deveria fiscalizar mais… Quis mesmo aproveitar esse espaço do blog para conscientizar os leitores, e quem sabe começar a valorizar mais nossas profissões, né? Muito obrigada pelos elogios e pela visita! Volte sempre!
Beijos,
Cris
É difícil conceber que as pessoas procuram economizar no item mais importante para o bom andamento de uma obra ou reforma: em um profissional qualificado. Se gasta um absurdo em pisos (por exemplo), que muitas vezes não são nem os indicados para tal ambiente, mas não se procura um profissional para orientação e acompanhamento das obras. Gente, construção não é brincadeira, pessoas podem se machucar ou até mesmo morrer com problemas em uma edificação. E não é preciso que a mesma desabe: um piso (novamente o exemplo) inadequado em área úmida pode provocar um acidente doméstico. Precisamos compreender que o profissional estudou por longos anos para ter conhecimento técnico, através de normas (criadas para garantir a segurança do usuário) e bibliografia (que estudam casos correntes). O pedreiro faz aquilo que o profissional (engenheiro ou arquiteto) determina e assim ele vai adquirindo conhecimento, mas não necessariamente ele sabe como a estrutura, como o todo irá se comportar. Além do pedreiro, temos os próprios estudantes de arquitetura e engenharia, que infelizmente muitas vezes (note bem, digo “as vezes”) prostituem o mercado, pensando que já estão aptos a executar serviços que na verdade fogem ao seu alcance. É preciso ter coerência, não somente os proprietários, mas também os próprios contratados para executar serviços que realmente tenham conhecimento e indispensável analisar o velho ditado: “o barato sai caro”. Tenho certeza que um bom profissional irá além de indicar os materiais e técnicas adequadas, preços de produtos condizentes com as expectativas do proprietário, garantindo uma obra econômica e segura, além é claro, de um resultado harmônico / belo.
Assino embaixo, Eliane!
Mesmo contratando arquiteta e engenheiro calculista, vou ser sincera, sempre rezo e fico apreensiva antes de fazer qualquer mudança em casa. Afinal, em uma reforma, várias “surpresas” aparecem. Na minha casa, por exemplo, tanto a arquiteta quanto o engenheiro calculista tinham certeza de que havia uma viga em determinada parede e afirmaram que ela poderia ser derrubada. Como sou muito medrosa, solicitei um reforço estrutural, com vigas I e U, antes da retirada da parede. Qual não foi a nossa surpresa ao descobrir que não havia nenhum ferro, muito menos viga em uma parede enorme, que sustentava, praticamente, um andar sozinha…… Resultado, além do reforço antes feito, fizemos mais um pilar com mais uma viga metálica no local da parede. Bjs a todos.